Cnidários Fósseis

Variedades de Cnidários Fósseis
Introdução

O Filo Cnidaria inclui hoje uma variedade de animais aquáticos, principalmente marinhos, dentre os quais os corais, anêmonas, medusas, hidras, etc. Incluem formas bentônicas, planctônicas e nectônicas. Trata-se de um grupo de longa história geológica que se iniciou no Pré-Cambriano. Espécies atribuídas aos cnidários, como já sabem, ocorrem na fauna de Ediacara, entre 600 – 541 milhões de anos. Os cnidários são, pois, os primeiros metazoários, ou seja, animais pluricelulares com especialização funcional das diferentes partes do corpo, documentados geologicamente.

Os cnidários, no geral, apresentam um registro fossilífero raro a comum. Algumas classes, como os Scyphozoa, por exemplo, são representadas grandemente por organismos de corpo mole, como as medusas, ou águas vivas. No entanto, uma Ordem extinta de cifozoários, os Conulatae (Ediacarano-Triássico), apresentavam uma carapaça quitino-fosfática, que promoveu a preservação desses organismos, principalmente durante o Paleozoico. Os conulários, foram organismos marinhos bentônicos e apresentavam corpo piramidal, na maioria das vezes, com quatro faces (Fig. 4.1).

Dos diversos grupos de cnidários, este exercício vai focar nos corais fósseis por causa da sua grande importância geológica e excelente preservação no registro fossilífero. Fósseis das ordens Tabulata, Rugosa e Scleractinia, serão estudados. Estes incluem formas marinhas bentônicas fixas, fósseis e atuais.

Corais das ordens Tabulata e Rugosa foram exclusivamente paleozoicos. Os tabulados, surgiram primeiramente, incluem corais exclusivamente coloniais. Apresentam como característica principal as tábulas (Fig. 4.2). Os rugosos, por sua vez, incluem formas isoladas e coloniais, apresentam rugas e septos no exoesqueleto e morfologia semelhante à dos escleractínios (Fig. 4.3 e 4.4). Tanto os rugosos quanto os tabulados têm exoesqueleto calcítico e foram comumente associados a recifes, principalmente no Siluriano e Devoniano.

Os escleractínios, surgidos no Triássico, incluem os corais atuais. São formas solitárias ou coloniais de exoesqueleto calcário (CaCO3: aragonita), muitos dos quais formadores de recifes (corais hermatípicos) (Fig. 4.5). Sua evolução envolveu grande variação na estrutura esquelética. Formas ahermatípicas (ou anermatípicas) de escleractínios, que não constroem recifes e, portanto, não são restritos às condições limitadas (águas quentes, limpas, rasas e oxigenadas) das formas hermatípicas, ocupam uma variedade de habitats até 6000 metros de profundidade e aparecem no registro fóssil no Jurássico. As formas hermatípicas precederam, portanto, as ahermatípicas, no Mesozoico.

Figura 4.1. Esquema geral da morfologia de Conulatae (Leme et al., 2015).

Figura 4.2. Morfologia básica de coral tabulado. Halysites, Siluriano, Inglaterra.

Figura 4.3. Coral rugoso solitário. Cyathophyllum, Devoniano médio, América do Norte, Ásia e Austrália.

Figura 4.4. Rugoso colonial.Thysanophyllum, Carbonífero, Europa.

Figura 4.5. Corais escleractínios coloniais. Thecosmilia sp. Jurássico Superior, Alemanha.

Recifes atuais e fósseis de corais

Os corais atuais (Scleractinia ou hexacorais) apresentam dois modos fundamentais de crescimento. As diferenças entre os dois grupos estão relacionadas à presença de algas zooxantelas simbiônticas nos tecidos de um dos grupos, os corais hermatípicos. Estes incluem os construtores dos recifes de corais tropicais. Espécies sem zooxantelas são chamados anermatípicos. A presença de algas restringe os corais hermatípicos a águas rasas. Embora, ocasionalmente, possam viver em águas de mais de 60 metros de profundidade, raramente constroem recifes a profundidades maiores que 45 metros. Recifes atuais são formados por grande número de espécies de corais em associação com algas calcárias e rica fauna de invertebrados. Embora não possamos garantir que os corais de recifes fósseis contivessem algas zooxantelas, algumas evidências geológicas indicam sua formação em águas rasas.

Figura 4.6. Distribuição dos corais de recifes atuais e do período Cretáceo (Habicht, 1979).

Figura 4.7. Distribuição geológica das ordens (e de algumas subordens e famílias) de Rugosa e Tabulata (Clarkson, 1994).

Copiado integralmente com a autorização dos autores:

Anelli, L.E.; Leme, J.M.; Oliveira, P.E.; Fairchild, T,R. 2020. Paleontologia. Guia de aulas práticas, uma introdução ao estudo dos fósseis. Universidade de São Paulo, Instituto de Geociências, 8a ed., 104p.

*Todos os direitos do textos e figuras são reservados aos autores

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