Icnofósseis

Vestígios fósseis

Icnofósseis do Acervo
Introdução

Icnofóssil (traço fóssil ou icnito) é qualquer vestígio de atividades de animais e vegetais nos sedimentos e rochas. Constituem estruturas sedimentares biogênicas resultantes da bioturbação, da bioerosão (perfurações), da biolaminação/biodeposição (p. ex., estromatólitos) ou de outras atividades biológicas (ovos, colméias, etc.). Revelam o comportamento de organismos extintos, muitos dos quais não preservados de qualquer outro modo (conchas, carapaças, esqueletos, etc.). Com poucas exceções, são autóctones, ou seja, ocorrem in situ nos sedimentos onde foram produzidos, ao contrário de fósseis corporais, que comumente sofrem transporte, mistura com outros restos e retrabalhamento. Por isso, o estudo de icnofósseis acrescenta ao estudo de fósseis corpóreos informações importantes sobre a diversidade e relações ecológicas de organismos no passado e auxilia na interpretação de ambientes de sedimentação.

Icnofósseis ocorrem entre camadas ou dentro, na superfície ou na base de camadas sedimentares, o que permite sua descrição com base em sua posição e seu relevo na camada (convexo ou positivo vs. côncavo ou negativo), conforme Fig. 22.1. Também podem ser caracterizados do ponto de vista etológico, isto é, em relação ao tipo de comportamento que representam, conforme Fig. 22.2. Para simplificar comunicação entre especialistas, existe ainda uma classificação binomial em icnogêneros e icnoespécies, à semelhança da classificação de plantas e animais.

Uma das aplicações mais importantes de icnofósseis é na diferenciação de icnofácies, como ilustrado em Fig. 22.3, características de ambientes particulares desde o continental (icnofácies de Scoyenia), passando pela zona litoral (icnofácies Trypanites em rochas expostas; icnofácies Skolithos e Glossifungites), plataforma (icnofácies Cruziana), talude (icnofácies Zoophycus) e zonas batiais e abissais (icnofácies Nereites), cada qual dominada por tipos particulares de traços. Por exemplo, as condições de turbulência, oxidação e suprimento de nutrientes favorecem estruturas de habitação de organismos suspensívoros em águas rasas e agitadas, estruturas de alimentação complexas e profundas no talude e estruturas superficiais nas zonas mais profundas.

Figura 10.1- Comparação dos conceitos e terminologia nas classificações preservacionais de Seilacher (1964) e Martinsson (1965 e 1970), segundo Bromley (1990).

Figura 10.2 – Classificação de icnofósseis de acordo com o comportamento (etologia) representado.

Figura 10.3

Figura 10.4

Copiado integralmente com a autorização dos autores:

Anelli, L.E.; Leme, J.M.; Oliveira, P.E.; Fairchild, T,R. 2020. Paleontologia. Guia de aulas práticas, uma introdução ao estudo dos fósseis. Universidade de São Paulo, Instituto de Geociências, 8a ed., 104p.

*Todos os direitos do textos e figuras são reservados aos autores

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