Dinossauros

Dinossauros do Acervo
Introdução

A história geológica dos dinossauros é relativamente longa, tendo início no Triássico da América do Sul (Brasil e Argentina), no andar Carniano, cerca de 20 milhões de anos após a grande extinção que pôs um fim à Era Paleozoica. No restante do período, entre 232 a 201 Ma, a disparidade de pequenos dinossauros expandiu, e rapidamente se espalharam pelo Pangea. Cerca de 50 gêneros distribuídos entre ornitísquios e saurísquios basais, sauropodomorfos e terópodes, são conhecidos em rochas das américas do Norte e do Sul, Europa e África. No entanto, até o final do período Triássico, uma diversificada fauna de sinápsidos terapsídeos e arcossauros terrestres carnívoros e herbívoros (Crurotarsi e Dinossaurosmorfos, Figura 12.1), estava presente na maior parte dos ecossistemas, de certo modo retendo a expansão dos dinossauros.

Figura. 12.1. Diversidade de arcossauros presentes nos ecossistemas até o final do período Triássico. Somente representantes de Crocodilomorfos, Pterosauros e dinossauros, atravessaram a extinção em massa do final do período.

Dinossauros e as grandes extinções

Sempre associados à grande extinção do final do Período Cretáceo, os dinossauros, de fato, parecem ter sido incentivados em sua evolução logo após os grandes períodos de crise. Com a grande extinção ocorrida no final da Era Paleozoica (Permo/Triássica, cerca de 252 Ma), diversos grupos de sinápsidos terapsídeos e grandes anfíbios labirintodontes desapareceram (Fig. 12.2). Dentre os répteis sobreviventes, os Arcossauros logo surgiram e se tornaram a fauna predominante em todo o mundo. Dentre eles, 232 milhões de anos atrás, surgiram os primeiros dinossauros (Figura 12.2).

Figura 12.2. Alguns dos principais eventos que marcaram evolução dos vertebrados, sua transição das águas para a terra seca, bem como os eventos de extinção que modelaram a evolução dos dinossauros.

Dois eventos triássicos, o primeiro conhecido como Evento Pluvial Carniano (EPC), ocorrido há 230 Ma, e um segundo ocorrido no final do período devido à queda de um asteroide (210 Ma) e um extenso vulcanismo (201 Ma), levou parte dos terapsídeos e diversas linhagens de grandes arcossauros à extinção. Com as principais linhagens já evoluídas, os dinossauros rapidamente se apossaram dos ecossistemas vazios. O Período Jurássico estava iniciando, e com ele a longa Era dos Dinossauros (Figura 11.2).

O quarta e mais famosa extinção em massa ocorreu no final da Era Mesozoica devido a um extenso vulcanismo ocorrido na Índia e a queda de um asteroide com cerca de 10 km de diâmetro no Golfo do México. Embora a maioria das linhagens de dinossauros tenha sido extinta neste evento, uma pequena linhagem de terópodes sobreviveu, sendo na atualidade a fauna de vertebrados terrestres mais diversificada nos ecossistemas terrestres.

Dinossauros e a Era Mesozoica

Estão na América do Sul as rochas triássicas contendo os restos dos mais antigos de dinossauros. Na Argentina, Eoraptor, Herrerasaurus e Pisanosaurus, dentre outros, foram encontrados nas rochas da Formação Ischigualasto, com 232 Ma. No Brasil, de rochas das Formações Santa Maria e Caturrita, com até 230 Ma, foram retirados Staurikosaurus, Saturnalia e Pampadromaeus, e outras quatro espécies basais que ajudam os paleontólogos a compreender a evolução e a paleoecologia das primeiras linhagens de dinossauros. Foi com a extinção de parte da fauna de terapsideos durante Evento Pluvial Carniano, que os primeiros dinossauros experimentaram sua primeira irradiação, dando origem às principais linhagens.

O Jurássico assistiu o final do Pangea (Figura 11.2) e o estabelecimento de um clima global mais úmido, tempo em que linhagens de dinossauros ornitísquios, saurópodes e terópodes, experimentaram uma segunda radiação. Próximo ao final do período, dentre os terópodes celurosauros já emplumados, surgiram as primeiras aves. Embora o Jurássico tenha guardado o registro de centenas de espécies em todo o mundo, no Brasil ainda não são conhecidos esqueletos de dinossauros deste período.

O período Cretáceo foi outro tempo de grande diversificação dos Dinossauros, incluindo as aves. Juntamente com os mamíferos, insetos, e crocodilos terrestres, parecem ter acompanhado a diversidade das plantas com flores, e a fragmentação do Gondwana e Laurásia nos continentes atuais. Das cerca de 30 espécies de dinossauros conhecidas n Brasil, 23 vêm de rochas depositadas em bacias cretácicas como Bauru, São Luis-Grajaú e Araripe.

Dinossauros e as aves

Juntamente com os mamíferos, os dinossauros compreendem a fauna moderna dominante dentre os vertebrados terrestres, sendo representados atualmente pelas aves. Pertencentes a uma linhagem de dinossauros que resistiu à extinção do final do Cretáceo, as aves diversificaram-se muito desde então. Aproximadamente 10.000 espécies estão presentes em praticamente todos os ambientes terrestres. Dentre os vertebrados, apenas os peixes ósseos as sobrepujam em número de espécies. Várias características são responsáveis por este sucesso, das quais destacam-se a capacidade do vôo, a redução do tamanho, a homeotermia e um sistema respiratório sofisticado, único entre os cordados.

Fósseis encontrados em rochas de idade jurássica na região de Solenhofen, no sul da Alemanha, deram início ao longo debate sobre o parentesco entre as aves e os dinossauros. Trata-se de Archaeopteryx, hoje considerado um dos dinossauros mais próximos da linhagem ancestral das aves.

Archaeopteryx foi um dinossauro com provável capacidade de vôo sustentado, e as características intermediárias entre dinossauros voadores e não voadores encontradas em seus ossos, ainda deixam dúvidas sobre sua ecologia. Como nas aves, Archaeopteryx possuia penas assimétricas e dinâmicas, usadas para voar, plumas recobrindo os membros, cérebro grande, fúrcula robusta para fixação de músculos, membros anteriores alongados, e o pólux (dedão do pé) revertido, provavelmente utilizado para empoleirar. No entanto, seu esqueleto guarda muitas características encontradas nos dinossauros terópodes não voadores, como dentes, garras nos dedos das mãos não fundidos, o dedo II alongado, e uma longa cauda óssea.

Figura 12.3. Dimetrodon, Sinápsido, Permiano.

Figura 12.4. Herrerasaurus, Dinossauro terópode, Triássico.

Figura 12.5. Alguns dos principais espécimes conhecidos de Archaeopteryx. Segue a lista dos nomes e datas de coleta das amostras. A. Berlim/München 1860; B. London 1861; C. Haarlem 1855 (1970); D. Berlim 1877; E. Maxberg 1955; F. Eichstätt 1951; G. Solnhofen 1987. Todos osespécimes estão na mesma escala. (Benton, 1990).

A Figura 12.6 mostra os esqueletos de Archaeopteryx e Deynonichus, um dinossauro terópode não aviano.

Figura 12.6. Esqueletos de Archaeopteryx e Deynonichus.

Copiado integralmente com a autorização dos autores:

Anelli, L.E.; Leme, J.M.; Oliveira, P.E.; Fairchild, T,R. 2020. Paleontologia. Guia de aulas práticas, uma introdução ao estudo dos fósseis. Universidade de São Paulo, Instituto de Geociências, 8a ed., 104p.

*Todos os direitos do textos e figuras são reservados aos autores

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